Ruby estava com medo por ficar vendo coisas que não deveria, sentada na sala, deixou sua imaginação voar por um lugar bem distante daquele em que ela se encontrava agora, de camisa verde e cabelo preso em um coque, pensava que tudo aquilo devia ter algum sentido, tinha que ter algum sentido, parada ali, chorou, pensando que não conseguia superar, não conseguia esquecer, procurou na internet por algo que lhe desse uma direção, descobriu que andava em um estado doentio, - Eles são assim - pensou ela, ouvindo o som da própria loucura, atirou-se no sofá e procurou esquecer aquilo que tinha lido, começou a entrar em um universo que só ela tinha noção que existia.
Chovia uma fina neblina de janeiro, lembrava e relembrava de historias que ninguem mais poderia escutar, tinha medo de ser tachada de louca mais uma vez, escondia tudo que podia dentro desse universo e rezava para não deixar escapar nada do seu passado, lembrava dos momentos em que os olhos daqueles que diziam a amar, estavam cheios de repulsa. As vezes tinha noção do quanto era assustador pra alguém ter acesso a um outro sonho cheio de devaneios, preferia sentar e lembrar, com isso, criava buracos, penhascos, entre aquela que estava sentada e aquela que repousava dentro de si. A tarde era tão silenciosa, o único som presente era das folhas que se mexiam no vento do quintal, cada vez mais perdida dentro de si, encontrou uma velha faca dentro de uma gaveta suja da sala, não seria a primeira vez que isso acontecia, mas ela pensava que podia ser a ultima, se sentia movida.
Tão delicada, doce como devia ser, a lâmina ia e vinha, nos braços, punhos,mãos e dedos, ninguém poderia saber,estava longe, sentiu pela primeira vez o sangue escorrer pela pele, nunca tinha deixado ir tão longe do controle, mas dessa vez não haveria controle, não tinha repulsa suficiente aquela dor, aceitava, era subserviente, ouvia uma música que saia da sua cabeça, a música dos seus pensamentos, que soava melancólica e repetitiva, mas mesmo sendo tão repetitiva , ela ainda á ouvia, porque era algo normal, porque era algo diário, algo que ela entendia, escutava chopin, que maestrava a sequência que era feita, a dor fez ela se sentir viva, capaz de algo, dona de uma situação que ela podia controlar, numa vida onde todas as situações escapavam do seu controle, aquele momento era vital, era extraordinário.
Ruby parou, estática, apreciou o que tinha feito, o sangue sujava as roupas, ela apertava para ver até onde o perderia, não perdeu mais, o sangue estancou depois de cinco minutos incessantes, ficou ali sentada, perdida ainda em pensamentos que gritavam em sua cabeça, ela estava lúcida, mas eles estavam fora de si.
Ninguém poderia saber, mas ele sabia, o cara da escola, um tipo franzino e alto, que tinha um jeito de esconder as coisas dele mesmo de uma forma que era familiar pra ela, se odiaram, mas perceberam que não o podiam fazer, então viraram confidentes e ele sabia.Foi quando ouviu dele que ela precisava algo que revelasse a verdade, tão pura, tão simples, tão indiscritivelmente boa verdade, - Você precisa de amor Ruby - disse ele, num tom de despedida.
Ruby se foi antes que ele pudesse dizer adeus, estava sentada na sala, pensando nesse amor, ela agora o tinha, outro tinha chegado - Me deixe por todo meu amor em você ruby, me deixe fazer de você minha base como pensei que seria - disse ele numa noite fria, ela aceitou aquilo, mas pensou na irônia do momento, como dar base sem ter noção de uma?
E o vazio de Ruby tentaria ser preenchido por um amor gigantesco que irá chegar, mas pra isso, ela tem que aceitar!
2 comments:
amor é um membro viril e rigido vindo na sua direção. [fonte: desciclopédia] ;D
who´s ruby?
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